O que é que queremos dizer quando nos referimos a meditação? No contexto do yoga a palavra para meditação é ‘Dhyana’. É um estado de consciência e não uma técnica propriamente dita, ou seja, para atingirmos esse estado de ‘Dhyana’ temos primeiro que passar pelo ‘Dharana’ (técnicas de concentração). Tomemos como exemplo a visualização de uma flor como objeto de concentração, esta visualização pode ser considerada uma técnica de ‘Dharana’ quando a pessoa é capaz (durante um determinado período de tempo) de manter na mente essa imagem de forma ininterrupta, contudo sem se esquecer de si mesma mantendo-se consciente do espaço e do tempo. Quando essa concentração ininterrupta e inquebrável, leva a que a pessoa mantendo a imagem da flor, se identifique de tal forma com ela, que perde a noção de si mesma e do próprio ato de meditar, isso é ‘Dhyana’ . Assim sendo, a meditação na perspectiva do yoga não é uma técnica, mas sim um estado de consciência que pode ser atingido utilizando determinadas técnicas de concentração,‘Dharana’.

Qual é a origem etimológica da palavra meditação? Ela vem do latim ‘meditationem’ que significa pensar sobre, considerar, refletir. Esta foi a palavra escolhida para identificar no ocidente, o processo de ‘Dharana’ (concentração) e o estado de ‘Dhyana’. Contudo, pensar sobre, considerar, refletir, sendo ações extremamente válidas no desenrolar do nosso processo evolutivo, não são ações que permitam atingir o estado de ‘Dhyana’, são como uma faca que não está afiada e por isso mesmo incapaz de cortar eficazmente, ao afiarmos a faca através do ‘Dharana’ conseguimos cortar através das limitações da mente.

A nossa educação, cultura e sociedade levam-nos muitas vezes a um estado de tensão mental, a um estado de desequilíbrio e sentimos que é muito difícil controlar as emoções controlar a própria mente. Há uma dispersão muito grande da energia mental e emocional, demasiadas solicitações, expectativas, etc.. As técnicas de concentração podem ser uma excelente ferramenta para tornar a mente mais resistente à dispersão, tornando-a mais forte, mais disciplinada, mais “afiada”, mas também podem, quando mal utilizadas gerar mais tensão e ansiedade.

E quando é que elas são mal utilizadas? Quando por exemplo nos forçamos a permanecer numa posição desconfortável, para a qual o nosso corpo não está preparado, quando nos obrigamos a continuar a técnica mesmo reconhecendo que a mente está totalmente dispersa, ou quando um determinado problema, preocupação ou necessidade é de tal forma forte, que toma conta do nosso sistema nervoso, influenciando negativamente a respiração, a postura e o direcionamento da atenção. É por estas e por outras razões, que é tão importante abordar o yoga de forma integral, isto é, perceber que para poder ficar sentada imóvel e confortável a praticar uma técnica de concentração durante meia hora, a pessoa tem primeiro que preparar o corpo através de outras posições, de técnicas respiratórias, de técnicas de descontração, etc.